segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

A SIC, Lisboa e o português

Que as principais cadeias de televisão portuguesas tenham de estar sediadas em Lisboa percebe-se, até porque é em Lisboa, fruto de infelicidades várias, que tudo neste país se passa. Agora que esse facto sirva de pretexto para se tentar normalizar tudo à imagem da norma lisboeta é que é inaceitável. 
Então não é que na reportagem hoje exibida no Jornal da Noite da SIC, sobre a barqueira da Barragem de Castelo de Bode, tiveram o descaramento de colocar legendas nas palavras da boa da senhora, que, embora já decana, continuava a expressar-se de forma perfeitamente clara, com a sua bela pronúncia da Beira Baixa? Nem que se tratasse da mais fechada pronúncia do coração da Serra da Estrela (que essa até eu admito ser de mais difícil compreensão) se justificaria tal vileza! Que diabo, estou indignado! (E um lince indignado não é coisa bonita de se ver!) Por instantes, desconfiei que a reportagem era dada a uma televisão brasileira, que, essas sim, já nos habituaram à necessidade de terem legendas ou uma dobragem para compreender o que nós por cá dizemos. 
Desconcerta-me que, num país tão pequeno e ainda tão diverso, tenhamos que acabar todos a falar com a mesma pronúncia que, claro está, tem de ser a de Lisboa. Pois português é o da capital (porque sim) e se lá não entenderem o que dizemos, é como se fôssemos uns bichos raros e nem pertencêssemos à mesma Nação.

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