quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Estrelas e amigos

"Os amigos são como as estrelas - mesmo quando o céu está nublado, sabemos que se encontram lá". É um cliché, mas é precisamente deste ponto que quero partir.

É muito bonito... 
Mas, se não restam dúvidas de que as estrelas estão sempre lá e os amigos também, já para se saber quem são esses afortunados ainda tenho bastantes. Como fazer? Depois de alguma reflexão, mas especialmente de alguma intuição, convenço-me de que sabemos que os amigos estão lá, como as estrelas em noites encobertas, simplesmente porque os sentimos lá.

A vida já ensinou ao lince de que nem tudo o que brilha no céu são estrelas. Às vezes são estrelas cadentes, cometas ou, pior!, satélites (pedaços artificiais e inertes ali estacionados). Todos eles brilham, mas todos eles, inexoravelmente, passam. Alguns soube desde sempre que nunca seriam estrelas; outros deixaram-me indeciso durante algum tempo; outros ainda eram estrelas e vicissitudes da vida fazem-me interrogar, neste preciso instante, sobre a sua condição.
Uma coisa é certa, o firmamento que cobre o lince é pontuado de poucas estrelas, mas são daquelas que brilham com intenso fulgor. 

Eles sabem quem são.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Chaves e filmes


Que rico serão!
A ideia inicial era a de desfrutar de um filme no cinema enquanto espectador passivo. Mas pensando bem, para quê fecharmo-nos dentro de uma sala às escuras a ver o filme dos outros, se podemos ficar fechados fora de uma sala (aliás, de toda a casa) e sermos protagonistas do nosso próprio filme? Foi precisamente o que aconteceu ao Lince, que ficou trancado fora da lura, porque resolveu sair de casa e bater a porta sem verificar se alguém tinha as chaves. 
Os ingredientes do script digno do Óscar de melhor argumento: 
1. porta fechada 
2. tentativa frustrada de fazer deslizar o trinco com o BI 
3. chamada para o piquete de urgência 
4. cara de lorpa quando o homem abriu a porta em menos de 10 segundos.
Assim se realizou, protagonizou e assistiu a um pequeno filme de serão de dia de semana que até seria caricato se a brincadeira não tivesse custado 50€.  
São só 10 idas ao cinema, no fim de contas... 10 filmes que ficarão por ver... mas também, com filmes destes a serem vividos na primeira pessoa, até se dispensam os do cinema!

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

A SIC, Lisboa e o português

Que as principais cadeias de televisão portuguesas tenham de estar sediadas em Lisboa percebe-se, até porque é em Lisboa, fruto de infelicidades várias, que tudo neste país se passa. Agora que esse facto sirva de pretexto para se tentar normalizar tudo à imagem da norma lisboeta é que é inaceitável. 
Então não é que na reportagem hoje exibida no Jornal da Noite da SIC, sobre a barqueira da Barragem de Castelo de Bode, tiveram o descaramento de colocar legendas nas palavras da boa da senhora, que, embora já decana, continuava a expressar-se de forma perfeitamente clara, com a sua bela pronúncia da Beira Baixa? Nem que se tratasse da mais fechada pronúncia do coração da Serra da Estrela (que essa até eu admito ser de mais difícil compreensão) se justificaria tal vileza! Que diabo, estou indignado! (E um lince indignado não é coisa bonita de se ver!) Por instantes, desconfiei que a reportagem era dada a uma televisão brasileira, que, essas sim, já nos habituaram à necessidade de terem legendas ou uma dobragem para compreender o que nós por cá dizemos. 
Desconcerta-me que, num país tão pequeno e ainda tão diverso, tenhamos que acabar todos a falar com a mesma pronúncia que, claro está, tem de ser a de Lisboa. Pois português é o da capital (porque sim) e se lá não entenderem o que dizemos, é como se fôssemos uns bichos raros e nem pertencêssemos à mesma Nação.

Carnaval

Mais um ano que passou, mais um Carnaval que se aproxima. Pois é, dentro de 3 dias é outra vez Dia dos Namorados. 
Por estarem tão próximos um do outro, Carnaval e Dia dos Namorados confundem este lince, que tem dificuldade em se deixar enredar nos meandros comerciais destas "festas". 
Forço-me a encontrar diferenças. Vejamos... 
Uma são as máscaras: ficam as bruxas, os vampiros, os bin ladens e os travestis de fora para termos as meninas todas produzidas sob máscaras de base e perucas de cabelo esticado e às madeixas e os meninos de ténis dourado e de blazer com capucho e diamante de plástico na orelha; outra são os cortejos: fora com o corso carnavalesco e venha de lá o cortejo de automóveis em direcção aos restaurantes mais previsíveis, em longas filas de trânsito que permitem, pelo menos, ir exibindo a "miúda" pelo caminho; outra ainda são os participantes: nem todos os que ficam de fora o fazem por opção, muitos ficam por não preencherem o pré-requisito básico - ter uma cara metade.

Felizmente, o Dia dos Namorados não dura 3 dias, como o Carnaval. Não haveria força anímica para aguentar por mais do que um dia o espectáculo de casaizinhos a esforçarem-se por parecer românticos neste dia, apenas porque as máquinas publicitárias lhes dizem que devem sê-lo...